quarta-feira, dezembro 06, 2006

Esse poema é uma homenagem póstuma aos "Meninos da Candelária"

Transição
Olympio de Azevedo

Não havia sonhos mas, trabalho escravo
Difícil é mijar na tampa senta levanta
A cola cheirada roubava as cores vivas
No vidro fino da taça o corpo de mulher
A cômoda em fogo unia as cinzas frias

Teus olhos brilham como duas estrelas
Unidas há mais de mil anos,luz infinita
Assim me deixam tímido qual a criança.
A lua vem saindo vermelho tipo tomate
Deitei no papelão e os pés do lado de fora.

Jornal mal cobria a nuca nua da cabeça
Os bebês plásticos não precisam comer!
A carne queimava e as balas entravam...
O céu aparecia preto no fio da navalha
Não havia sangue e sim o vinho eterno


Dez,2006